EM BUSCA DE SENTIDO
“Uma vida sem sentido não vale a pena ser vivida”.
“Vivemos num mundo no qual a incerteza se tornou norma”.
Questões sobre o valor da vida que levamos se tornaram difíceis de responder porque os indicadores tradicionais desapareceram. Velhas certezas se desgastaram.
Elas incluíam:
1. A crença num Deus benevolente que nos governa;
2. O otimismo de que o progresso material fará as pessoas mais felizes; e
3. A confiança humanista numa virtude dos indivíduos que os inclina a construírem sociedades melhores.
Muitos dos que refletem hoje sobre essas questões:
1. Não têm certeza se há qualquer ordem superior moldando a condição humana (os ateus).
2. Duvidam da existência de uma estrutura absoluta dentro da qual seja possível emitir juízos (cépticos).
O pessimismo generalizado é comum entre os críticos:
1. Os esquerdistas tendem a culpar a economia capitalista e a lamentar a consciência social.
2. Os conservadores ressaltam o desgaste dos padrões morais, decorrentes de uma unidade familiar enfraquecida. A infância vem sendo desestabilizada. A presença de dois pais amorosos. A familiaridade com as degradações mais extremas disponíveis para as crianças nos meios de comunicação visual. A prevalência do abuso de drogas e de álcool e as elevadas taxas de depressão e de suicídios entre jovens revelam uma sensação de fracasso da esperança quanto ao futuro.
As respostas tradicionais às três questões fundamentais – que todos os seres humanos enfrentam – esvaíram-se:
– “De onde eu venho?”
– “O que devo fazer da minha vida?”
– “O que acontece comigo após a morte?”
Novas respostas não apareceram.
É possível que estejamos situados historicamente entre duas épocas, desgarrados numa espécie de terra-de-ninguém. O que está por vir se encontra em trabalho de parto. Viver na incerteza pode se tornar nossa condição permanente, se não procuramos encontrar sentido para as nossas vidas.
Excerto da obra Ego & Alma de John Carroll. Editora Danúbio, 2020